O tema central dos homens? é justamente para provocar um mal-estar no machismo que tanto sufoca a empresa e onde o debate está em pauta. Longe de buscar a “lacrolândia”, a série tenta abordar questões complexas, polêmicas e muito ativas em grandes discussões, e é justamente nessa fase que vive a regularidade da série. Do lado positivo, o curso da série fica aquém de entrar no mérito político da questão, ou mesmo fazer algum tipo de ativismo de alto perfil. Obviamente, em certos momentos se levantam bandeiras, no caso de uma série que permite questionar o machismo, muitas vezes se levantará a questão da opressão e da busca pela igualdade na luta feminista. Porém, mesmo para não provocar tal “explicação”, esse debate mais politizado não é muito profundo, e a desconstrução dos personagens ocorre onde tudo parece muito natural. O texto muito característico de Fábio Porchat é ágil, sarcástico e sem medo do constrangimento. Aqui o Rafael Portugal merece toda a atenção, “Pau” talvez seja o melhor da série, e é super raro escrever isso! Por outro lado, a agilidade do texto e o fluxo de intrigas significam que as questões são tratadas superficialmente. Cada personagem é colocado para viver e desconstruir um tabu, brunch, casamento tradicional, sexualidade, fetiches, tudo é colocado e exibido muito rapidamente. É justamente aí que reside o principal problema da série, a pressa de querer trabalhar tudo ao mesmo tempo nos impede de criar um vínculo, uma empatia com os personagens e seus enredos. Além disso, uma dose de humor absurdo perturba muito a história da trama e as situações trabalhadas. Essas situações colocadas para cada personagem acabam sendo questionáveis, embora interessantes. Onde a naturalidade com que você desconstrói ou resolve um enredo geralmente leva a muitas resoluções, isso simplesmente não é convincente. No final, os homens? é uma boa série para rir sem fingir que está encantada com os personagens. A série tem uma ótima premissa, uma ótima abordagem, mas falta a vontade de trabalhar ao mesmo tempo, o que desvia a atenção do espectador.
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