Arte e política sempre andaram de mãos dadas.
Quando os grandes festivais internacionais são responsáveis pela representação de negros, mulheres e pessoas LGBT, a resposta padrão geralmente é a impossibilidade prática de seleção igualitária, pois haveria poucos filmes representativos desses grupos sociais.
- A trama sempre pareceu frágil.
- Porque são eventos poderosos o suficiente para ter quase todos os filmes que eles querem disponíveis Qual projeto rejeitaria a participação em um evento tão prestigiado?Ainda assim.
- Cannes praticamente ignora o cinema latino-americano e africano.
- Veneza reforça o eurocentrismo e Berlim.
- O mais inclusivo dos três.
- Sempre favorece um espetáculo competitivo majoritariamente branco e masculino.
O 51º Festival Brasileiro de Cinema de Brasília mostrou que foi possível organizar um festival atento à política e ao desenvolvimento social sem sacrificar a qualidade das obras. Com um número logicamente menor de inscritos do que festivais internacionais, Brasília não precisou incluir um sistema de cotas para garantir uma maioria feminina na liderança, bem como um número expressivo de fotógrafos, cineastas negros e negros e discussões sobre orientação sexual e liberdade de gênero.
Poder reunir, em um único ano, obras inéditas do nível Da Temporada, Torre das Donzelas, Bloqueio, A Sombra do Pai, Luna e Bixa Travesty, entre os longas, ou mesmo com Tanta, Agonia, LIBERDADE, BR3 Reforma, entre os curtas-metragens, fala muito sobre o olhar do curador sobre o cinema e, ao mesmo tempo, sobre a visão da produção cinematográfica rumo ao Festival.
A 51ª edição demonstrou o impressionante vigor dos jovens diretores. As formas mais ostensivas de compromisso (veja Dizer que para aqueles que dizem que fomos derrotados, vencedor do júri de curta-metragem) são equilibradas com uma visão política mais terna (Temporada), que inclui um espaço. para leveza (Bixa Travesty) e olhar sociológico (Lock). A política estava imbuída de formas e cenas, onde os frequentes slogans “Lula Livre” e “Ele não” dividiam espaço com demandas de educação gratuita, delimitação de terras indígenas, direito à moradia, trabalho decente para cidadãos transgêneros, manutenção de programas educacionais, promoção de audiovisuais, etc.
O alto nível de seleção também indica que os artistas veem Brasília como um lugar receptivo ao cinema comprometido, que encontra maior resistência de outros festivais ou mesmo do cinema comercial. Participando de raros festivais como a Mostra de Tiradentes ou a Janela de Recife, Brasília tem sido um centro de exposição de obras ousadas, fundamentais para o renascimento do audiovisual brasileiro. A confluência desses projetos permite um intenso intercâmbio político e artístico, fomentando novas criações e causando um reflexo da extrema importância no valor das produções.
Por fim, o festival destacou o senso de comunidade: além do expressivo número de filmes preparados horizontalmente pelas equipes, foram anunciadas importantes iniciativas, como a Associação dos Produtores Independentes e o DAFB – Coletivo de Diretores Brasileiros de Fotografia. Com o tempo, as produtoras fortaleceram uma impressionante força estética, como o grupo A Flor ea Nausea, responsável por diversos filmes em competição, e a Plastic Films, representada entre os longas e curtas-metragens.
Os espaços de intercâmbio incorporam a valiosa iniciativa do Futuro Brasil, quando os filmes em desenvolvimento são mostrados a pequenos grupos e recebem feedback de especialistas para sua realização, enquanto filmes libertários como Inferninho ou Ilha reforçam suas possibilidades de distribuição no circuito comercial.
Que venham mais filmes sazonais, Bixa Travesty e Liberdade, representando não só o melhor da produção política ou a melhor visão inclusiva, mas o melhor da nossa produção cinematográfica em geral, todas as categorias combinadas. Para valorizar as diferentes linguagens, permitir trocas e descobrir novas vozes, o Festival de Brasília cumpriu sua função com louvor.