Os protestos começaram depois que o secretário de cultura do DF, Ado Cândido, subiu ao palco.
Reconhecido no calendário como um evento altamente politizado, o Festival de Brasília abriu as portas do Cinema de Brasília na noite de sexta-feira (22), mostrando mais comprometimento do que nunca.
- A cerimônia de abertura foi presidida pela atriz María Paula.
- Que em diferentes momentos da noite teve que recorrer aos trinta anos para conter a mente animada do público?Ou pelo menos tentar.
- Isso porque a noite rapidamente mudou o tom da solenidade quando Ado Cândido subiu ao palco.
Secretário de Cultura e Economia Criativa do Distrito Federal, Cândido teve poucas oportunidades de falar, pois seu discurso foi abafado pelos gritos de “Fora Ado”. Constrangido com a situação, o secretário decidiu responder abertamente aos seus oponentes. Eu vou falar de qualquer maneira, o que você está fazendo é um serviço ruim para o setor audiovisual, uma atitude antidemocrática contra o cinema”, disse ele.
A controvérsia ocorreu principalmente porque os opositores de Cândido questionaram um anúncio do Fundo de Apoio à Cultura (FAC), no valor de 25 milhões de reais, que acabou sendo cancelado pela secretaria, no primeiro semestre de 2019.
O clima tenso se agravou minutos depois, quando o ator Marcelo Pelucio subiu inesperadamente ao palco para ler uma carta do Movimento Cultural do Distrito Federal, responsável por responder às demandas de diversas entidades artísticas. Pelucio não terminou seu protesto, pois logo foi interrompido pela presença de um segurança, seguido de áudio cortado do microfone. Em meio à revolta contra o tratamento de Pelucio, alguns dos participantes começaram a gritar “censura”.
Para tentar acalmar a comoção, Maria Paula fez de tudo para elogiar o festival como um momento de celebração do cinema brasileiro, mas apesar disso, os gritos não foram contidos: “Você quer que eu pare de falar?”pediu a atriz para o público, enquanto um segundo grupo pediu aos manifestantes para deixar o apresentador continuar seu trabalho.
Mas nem tudo foi polêmico na noite da estreia, o Festival de Brasília homenageou e homenageou alguns nomes da indústria cinematográfica, entre eles Stepan Nercessian, que recebeu o Troféu Candango pelo trabalho como um todo. na televisão e no cinema.
O destaque da cerimônia foi a premiação da Associação Brasileira de Cinema e Vídeo, que este ano homenageou a antropóloga e documentarista Debora Diniz, forçada a deixar o Brasil em 2018 por sucessivas ameaças de morte contra ela e sua família. dos principais defensores dos direitos reprodutivos das mulheres no Brasil, tornando-se uma figura importante no debate sobre aborto até a 12ª semana de gestação. Como ele não pôde comparecer, um vídeo de sua apreciação foi pendurado na tela.
Além de Nercessian e Diniz, o evento homenageou um dos ex-organizadores do festival, Fernando Adolfo, com a Medalha Paulo Emilio Salles Gomes; o centenário do diretor Clony Santoro, falecido em 1989; e um minuto de silêncio foi feito pelo cineasta Fobio Barreto, que morreu esta semana após nove anos em coma.
O filme escolhido para a abertura foi O Traidor, de Marco Bellocchio, uma coprodução entre Brasil, Itália, França e Alemanha, que concorreu à Palma de Ouro em Cannes e foi apresentada em Brasília pela atriz Maria Fernanda Cândido, que faz parte do elenco.