Crítica AdoroCinema de Como Viver Cruel Para Viver Assim: Uma Pizza Mezzo de Riso, Reflexão Mezzo

É bem possível que em alguns anos você tenha esquecido que você viu como é cruel viver assim e acredite em mim, é um elogio. Longe do viés pretensioso do cinema artístico, tão longe da pasteurização das comédias televisivas para o cinema, o longa-metragem de Julia Rezende (Um Namorado para Minha Mulher) é a receita para o “filme médio” que está tão ausente no cinema. Nacional: uma divertida pizza mezzo, reflexão mezzo.

Baseada na peça homônima de Fernando Ceylo, a produção conta a história de quatro suburbanos inexperientes no mundo do crime que decidem sequestrá-los na tentativa de mudar suas vidas (a linguagem cinematográfica aqui é tão natural que é difícil imaginar este cenário confinado a uma cena).

  • São eles: Vladimir (Marcelo Valle).
  • O desempregado sem perspectiva; sua namorada Clivia (Fabiula Nascimento).
  • Que não quer nada mais do que se casar; Regina (Deborah Lamm).
  • Uma cansada “Perustity” de tarefas domésticas em uma bela casa; e o estúpido Primo (Silvio Guindane).
  • Tratado com bolo de esponja por sua mãe.
  • Mas algo perdido na vida.

Basicamente, tudo o que eles querem pode ser resumido em uma palavra: reconhecimento. E, nesse sentido, o quarteto tateando é a síntese do Brasil (e ironicamente organizado dentro de uma estrutura narrativa ?, tipicamente argentino, ou o que é convencionalmente chamado, o que significa que o nível de criatividade aqui está no mesmo nível dos melhores textos para o cinema neste país que recentemente atingiram o nosso).

Se o perfil socioeconômico dos personagens nos faz chorar (é uma parte sem oportunidade para a população que estamos falando, afinal), a sequência de ações patéticas praticadas por eles, por outro lado, garante uma boa risada. E, para alcançar essa mistura, Ceylo joga de forma inteligente com uma ferramenta poderosa, que é o investimento de expectativas. Neste ponto, vamos lá, a peça dialoga com a filmografia de outro país (chegamos nos Estados Unidos) e lembra os roteiros. por enquanto dos irmãos Coen (Fargo, Burn After Reading).

É quando a adrenalina de planejar um crime, esperando para cometê-lo ou mesmo disparar uma arma é deliciosamente interrompida pela frivolidade de uma frase proferida em um português incorreto (e rapidamente corrigido), por um maço de cigarros movido pela ideia de uma receita. que parecia impossível de alcançar na cozinha.

Com alguns assistentes remanescentes (incorretamente), como uma dondoca caricaturada ou o líder da ”milícia”, também com um tom diferente (exceto pelo bandido de bom coração interpretado por Milhem Cortaz com um vilão cativante) – está no?periferia?que vive a essência do filme, um mosaico de tipos muito bem definidos que funciona em uníssono, então destacar qualquer performance (seja Marcellus, Fabiula, Deborah ou Silvio) seria injusto com o outro.

“À espera de Godot”, os personagens são interpretados em uma linha narrativa que vai contra as convenções do roteiro, em um enredo que diz muito mais do que aparece na superfície.

Sem dúvida a inteligência do público, sem o objetivo de impressionar seus pares, Julia Rezende seguiu um caminho mais do que digno do cinema comercial brasileiro.

E como é bom rir de si mesmo! Embora seja um sorriso amarelo, com uma mordida de purê de batata empanado (?!)

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