Chico Gadelha / Comunicado à Imprensa
A cerimônia de abertura do 29º Cearo Cinema – Festival Ibero-americano de Cinema trouxe uma série de surpresas para as centenas de pessoas que lotaram o Cinema São Luiz, em Fortaleza, na noite de 30 de agosto.
- Em vez de discursos cerimoniais de agradecimento.
- O evento trouxe palavras fortes e apaixonadas sobre a política audiovisual brasileira.
- Com o direito de criticar diretamente o atual governo pela gestão da cultura e das artes.
- Especialmente no dia em que Christian de Castro e outros membros da ANCINE foram eliminados seguindo a proposta de desmantelar leis que promovam e regulam projetos cinematográficos.
A plateia reuniu duas figuras importantes da atual política brasileira: Ciro Gomes (PDT), ex-governador do Ceará, e Fernando Haddad (PT), que foi repetidamente aplaudido durante toda a noite. Quando fez o sinal “L” com a mão, em referência ao ex-presidente Lula, Haddad despertou os coros de “Lula Livre” e “Meu Presidente” dentro do cinema. Haddad e Ciro trocaram saudações na frente de dezenas de fotógrafos, enquanto pregavam a união entre opositores do atual presidente.
Junto com eles, Fabiano Piba, secretário de cultura do Cear, leu um longo discurso em frente ao atual governo: “Enquanto alguns escolhem cultura, arte e educação como inimigos, [devemos considerar a cultura como] cívica e solidária, especialmente hoje”. Ele conclui: “Temos que, com toda a nossa vontade e inteligência, defender a ANCINE como patrimônio do cinema brasileiro”.
También posicionándose como un opositor a las políticas federales, el gobernador Camilo Santana (PT) felicitó a los artistas de Cearo por los logros de dos importantes premios cinematográficos recientes: la victoria de A Vida Invis-vel, dirigida por Karim Aïnouz du Cearo, en a exposição. Festival Um Certo Olhar do Cannes, e a vitória da Pacarrete du Cear, de Allan Deberton Festival de Gramado. “Um país só cresce se investir em cultura e educação”, disse, antes de prometer dobrar os recursos audiovisuais do estado.
Além disso, alunos de universidades do Cear, como a UFC e a Unifor, ocuparam o cinema com faixas e cartazes que diziam “Fora de Intervenção e o Ministro Ditatorial” que “não escolhemos e não reconhecemos”. Os slogans ecoaram Karim A’nouz, o grande laureado da noite, com aplausos calorosos da plateia.
Quanto ao próprio Cine Ceará, a diretora geral de Programação, Margarita Hernández, comemorou o recorde de 1. 231 filmes inscritos para a edição 2019, e a implementação de uma cota de 30% para obras de diretores, a fim de fortalecer a visibilidade da paternidade. . e incentivar novas produções por mulheres.
Apesar da presença digital dominada pelos homens no palco, a noite virou, afinal, para as mulheres. Ela dedicou a exibição de A Vida Invisível, nossa representante na corrida ao Oscar 2020, à mãe feminista e a “todas as mulheres que são constantemente apagadas de suas vidas”. Antes da exibição de seu melodrama feminino, ninguém recebeu tantos aplausos quanto Fernanda Montenegro, que elogiou a generosidade da diretora ao convidá-la para o projeto, sendo otimista sobre a possibilidade de mudança: “O Brasil vai funcionar!Ele exclamou.
O público se levantou para ver a atriz falar sobre suas quase sete décadas de trabalho no palco antes de homenagear A’nouz, lembrado nas telas de São Luiz por uma colagem de seus filmes, incluindo Madame Sato, O Céu de Suely e O Abismo de Prata. A ternura no tratamento entre a atriz e o diretor gerou alguns dos momentos mais quentes da noite, quando um mar de celulares em sua mão tentou gravar a cena.
A noite terminou com a sessão catártica de A Vida Invis-vel, em sua primeira exposição oficial no Brasil. O público ficou muito animado com a tragédia de duas irmãs, Eurede (Carol Duarte na juventude, Fernanda Montenegro na velhice) e Guida (Julia Stockler) que se separam por infortúnios familiares e afetivos, e passam o resto de suas vidas procurando cada uma. O drama explica como as convenções retrógradas do Brasil na década de 1950 impedem que ambas as mulheres tenham uma vida livre, de terem que se submeter a seus pais, maridos e chefes. Leia nossa crítica.
Não por acaso, Carol Duarte disse no palco que este é um filme “sobre a resistência das mulheres”. Por volta da meia-noite, o público deixou o cinema chorando, comovido pela história de décadas atrás, e ainda ressoa tanto hoje.
No dia 31 de agosto, o Cine Cearo inaugurou a Mostra Olhar do Cearo, com a exibição do curta-metragem Espavento e do longa-metragem Tremor I, e da Mostra Competitiva Iberoamericana, com a sessão do drama peruano Cancao Sem Nome. A exposição especial segue uma homenagem à atriz LA Cabral.