O documentário de Betse de Paula abre com um discurso poderoso de um advogado indígena a representantes políticos em Brasília, defendendo o direito dos indígenas à terra enquanto expõe ataques aos agricultores. Essa cena representa o mecanismo proposto nos 90 minutos restantes: o diretor favorece o ponto de vista das mulheres que lutam pela defesa das águas, terras e florestas da região amazônica. O filme é movido não só por acusações, mas também pela necessidade de falar, de colocar rosto e destaque em personagens invisíveis à grande mídia. Por isso, o cineasta escolhe um grupo de mulheres especialmente articuladas, como S. Guajajara, Jo. nia Wapichana e Dona Dij.
A intenção é mostrar que esses personagens não só participam da política, mas também lideram movimentos sociais e abrem portas para campos de ação previamente reservados aos homens. O filme tem como objetivo buscar em suas peculiaridades o ideal de uma luta comum para todos os homens. oprimidos, sejam mulheres, indígenas, pobres, negros, moradores de áreas remotas, artesãos, etc. , é interessante ver a imagem com que esses elementos se cruzam, sem um sobrepondo-se ao outro ou gerando conflitos internos. essas mulheres pela ausência de maridos e filhos, ou por priorizar a luta acima da família, como tantos projetos interessados em imaginar como uma mulher consegue conciliar a luta social?e sempre ser feminina?.
- O documentário evita embelezá-los.
- Tornando-os mais fortes para a câmera: a naturalidade de suas roupas e corpos.
- Filmados no local onde vivem (em vez das típicas declarações levantadas) reforça o natural e o vínculo com o espaço circundante.
- A própria geografia é escapa.
- La idealização típica do documentário panfleriano.
- Que busca convencer o espectador da importância da natureza por seu capital estético.
- A simplicidade das luzes e quadros das Vozes da Floresta pode ser interpretada tanto como um sintoma de produção modesta como uma opção orgânica não querendo sobrepor esse contexto.
- Representando-o com o mínimo de filtros e acessórios.
- A semelhança com a linguagem do relatório.
- Pela sucessão de linhas e paisagens.
- é atenuada pela rejeição do programa comum aos produtos televisivos.
Com exceção de uma ou outra cena única, a fotografia é competente e discreta, enquanto o trabalho sonoro enfatiza vozes sem perder sons importantes da natureza. Mais importante, é a atenção dada à rotina dessas mulheres, quando a imagem mostra por si mesma que o discurso dos protagonistas não fica no plano de intenções, refletindo sobre ações concretas. Cenas sobre a preparação da farinha de mandioca, a quebra do coco ou o estudo de mapas de áreas de preservação permitem que Teian, Joenia e outros se tornem não apenas porta-vozes de um movimento, mas também exemplos de práticas viáveis. O uso de vozes fora da tela, sobrepostas às imagens da natureza, também é um recurso de linguagem simples, mas funcional o suficiente para eliminar a personificação?Não é essa a opinião desta mulher em particular?para tornar a ideia mais ampla, mais universal, uma espécie de refrão cantado pelo diretor e o filme como um todo.
Vozes da Floresta, no entanto, sofre de uma duração excessiva: com noventa e cinco minutos, ele começa a esgotar a variedade de seus discursos e imagens no final, e a edição também não encontra uma maneira de adaptar a presença de todas as mulheres entrevistadas. simplesmente apresentá-los um após o outro. Ao mesmo tempo, a câmera não se priva da tentação de ampliar o rosto de uma pessoa entrevistada ao contar a morte da criança, ou permitir que uma mulher realize publicidade institucional para seu estabelecimento turístico; Por fim, a falta de audácia estética pode ser interpretada tanto quanto a humildade do diretor, que prefere deixar a atenção para as mulheres entrevistadas, como falta de ambição, prejudiciais ao desfecho como um todo. De Paula tem um claro ponto de vista na defesa tanto das atividades desses personagens quanto de uma forma de cinema que privilegia o indivíduo sobre como representá-lo.
Filme visto no 29º Cinema Cear? Festival Ibero-Americano de Cinema, setembro de 2019.