AdoroCinema para Veras do TR: Alma brasileira

Goste ou não, é inegável que a Operação Lava-Jato está na história do Brasil, até se tornou objeto de filmes e séries, por mais questionável que seja se aproximar de suas entranhas com tão pouco tempo. Sandra Kogut vai além das sutilezas policiais para retratar a reflexão da Lava-Jato no cotidiano da sociedade brasileira, mais precisamente em um núcleo familiar de classe alta e em todos aqueles que gravitam ao seu redor. A eterna divisão de classes acontece no Brasil.

Para desenvolver tal narrativa, Sandra e a roteirista Iana Cossoy Paro estabeleceram uma cronologia interessante: ao longo de três anos, mostrando apenas o que aconteceu em sua última semana, perto dos festivais típicos da época. Com isso, com antecedência, o filme entrega elipses, em um ano, onde muitas coisas acontecem sem serem exibidas. A percepção de tais mudanças faz parte do jogo narrativo que se estabelece com o espectador, que também interage através de seu próprio conhecimento dos efeitos da própria Lava-Jato.

  • Diante de tal proposta.
  • Seu fio comum ao longo dos três anos é Madalena.
  • A governanta que coordena a mansão da família.
  • Uma personagem absolutamente popular.
  • Não por acaso interpretada por Regina Casé.
  • Dona de um carisma inabalável capaz de produzir slogans engraçados.
  • Madalena.
  • Ou Mado.
  • Tem essa engenhosidade típica de quem trabalha no mesmo lugar há muito tempo.
  • Criando uma intimidade tipicamente brasileira com os patrões que coloca um à vontade em qualquer situação.
  • Ao mesmo tempo.
  • Mantém sueño.
  • De de ascensão procurando sua própria empresa.
  • O que lhe traz a realização necessária.

Grande parte da relação entre Madalena e seus chefes pode ser vista através dos detalhes, seja do tratamento ou mesmo do comportamento, que também servem como um espelho da sociedade brasileira: em sua busca de enriquecer também, ele busca reproduzir a elite em tudo. Custos, repetindo os cacoetes sem pensar o porquê. A preferência do estrangeiro sobre o nacional é apenas um exemplo, assim como a escravidão em assuntos que ele não domina.

Diante dessa realidade, é interessante acompanhar as mudanças de nuances não só na Madalena, mas também entre outros funcionários, em cada recesso de um ano apresentado. A quebra do cenário inicial não só é evidente, como reafirma características como comuns aos brasileiros. adaptação e união diante das adversidades, pelo menos entre as classes sociais mais pobres, vale ressaltar.

Cheio de sutilezas tão preciosas, Trs Veras é um filme que se apropria da realidade brasileira para fazer um estudo microscópico da falência de sua empresa, pelo menos em relação ao caráter humanitário em sua estrutura de chefes e funcionários. Ele também merece por Regina Casé, em uma personagem muito próxima à de seus programas na Rede Globo no sentido da busca por jargões populares, como meio de comunicação, mas também capaz de conmover. Esta é a cena mais comovente do longa-metragem, tão bonita pelo mistério que envolve sua veracidade na narrativa estabelecida. Bom filme, você tem muito a dizer sobre o momento atual no país.

Filme visto no Festival de Cinema de Toronto em setembro de 2019.

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