É muito bom encontrar no cinema latino-americano contemporâneo um retrato feminino como litigar. O drama colombiano apresenta a vida de uma mulher adulta que equilibra as responsabilidades comuns à classe média: cuidar de seu filho, mãe idosa e doente, gerenciar as pressões no trabalho, tentar encontrar um espaço para a vida emocional. O feminino não está associado aos pressupostos de delicadeza, sensibilidade extrema, vaidade, nem é definido na frente dos homens. A advogada Silvia (Carolina Sanin) vê sua carreira retratada, com respeito e longe dos ideais.
Acima de tudo, Silvia é dominada por responsabilidades. O cenário responde bem à superpressão das mulheres para a maternidade: ela cuida apenas do filho pequeno, tendo preferido que o pai da criança não se envolvesse, e toma decisões importantes dentro de uma empresa, mas assim que surgem conflitos com os altos funcionários do sexo masculino culpam as atribuições maternas pelos resultados considerados insuficientes. O diretor Franco Lolli evita transformar essas questões em uma bandeira política, mas quer enfatizar o peso que desempenham no desgaste do protagonista, entre outros conflitos igualmente importantes. Sanin, uma excelente atriz, mostra uma mistura de vigor e cansaço, lidando com uma ampla gama de emoções sem recorrer ao choro fácil.
- A litigar impressiona com a construção crua do personagem.
- O que não implica uma narrativa fria.
- A imagem traz um pouco de ternura para a câmera.
- Muito atenta ao protagonista.
- Mesmo que ele se distancia do corpo e do rosto; movendo-se livremente.
- Mas sem prestar muita atenção a si mesmo.
- A textura do filme.
- Muito bem-vinda na era digital.
- Tem um afeto digno.
- Mas também cinematográfico.
- Além de permitir que o cineasta trabalhe com grandes tons contrastantes e áreas escuras fundamentais para representar o estado psicológico do abacate.
- Lolli oferece um estilo polido e excepcionalmente bem editado.
- Embora longe da estética.
- Essa abordagem pode ser considerada modesta ou clássica a gosto.
- Em meio a tantos autores vaidosos com sua capacidade de criar.
- Lolli tem o notável mérito de encontrar a estética que melhor serve à narrativa.
- Esfregando ombros com ela sem se tornar refém do assunto.
- Ou sobrepuse-la.
O título ajuda a ver essa mulher como profissional, mas também a apreciar a impressão de que ela trabalha 24 horas por dia: mesmo fora do campo legal, ela precisa negociar com a mãe doente para voltar à quimioterapia, discutindo com seu novo Namorado precisa de um espaço para si mesma, para convencer seu filho a comer e esperar por ele. Como a recente Família Submersa, o filme colombiano entende que a crise não permite que o protagonista tenha tempo para digerir os problemas. Responsabilidades diárias são necessárias. Silvia enfrenta a provável morte e a iminente demissão de sua mãe enquanto presta atenção aos horários de ônibus e pedidos de empregada doméstica do filho, não é possível fazer um parêntese no meio do turbilhão.
Então, qual é a estrutura clássica do cinema americano?Seja hollywoodiano ou o circuito alternativo? Permite a descrição dos problemas desde que uma solução satisfatória seja proposta no final (e também uma recompensa emocional para o espectador), o cinema latino-americano tem desenhado retratos crus nos quais não há horizonte de superação, apenas uma gestão diária do caos, uma despesa de moderação. Nem otimista nem fatalista, Lolli se junta a Lucrecia Martel, Sebastion Lelio, Pablo Larraon, Maria Alché e Jonatan Relayze para descrever mulheres adultas cujas vidas passam, sem um caminho preciso, apesar das dificuldades. Esse tipo de aceitação do conflito nunca implica conformismo, apenas uma maneira de tirar a obrigação da mulher de ser uma heroína, de superar todas as dificuldades enquanto mantém uma mãe perfeita, uma mãe exemplar. empregado e voraz amante. Longe de demandas e idealizações, é uma bela maneira de respeitar a diversidade das mulheres.
Filme visto no 72º Festival Internacional de Cinema de Cannes em maio de 2019.