Desde a primeira cena, o jovem Sócrates (Christian Malheiros) mal falta um segundo para respirar, seu desejo de reparar pequenos fragmentos de sua vida, que colapsa em muito pouco tempo, desaparece da tela na forma de uma sensação desconfortável de desamparo, não importa o quão ininterruptas tentativas sejam feitas para fazer pelo menos algo funcionar. Do começo ao fim, esse sentimento permanece.
Mas a ideia do diretor Alex Moratto é justamente incomodar, seja colocando-nos em uma realidade comum de pessoas vivendo em regiões periféricas, ou simplesmente assumindo um tom muito pessoal e próximo do protagonista, com a câmera seguindo seus passos e expressões. , que compõem uma mistura de desespero e angústia com pequenos lampejos de esperança, o curso é seco e direto, assim como os cortes que constroem a sequência de adversidades de Sócrates, que ainda não abordou os preconceitos de sua preferência sexual.
- O roteiro também não está muito longe em termos de austeridade e impacto.
- Assim como a vida é Sócrates.
- Ela também carrega um fardo muito pesado em comparação com o passado.
- O que torna provável que ele enfrentará certas pessoas e situações mais rigidamente no início.
- O que o torna mais interessante são suas nuances.
- Comuns a todo ser humano.
- Que são cuidadosamente trabalhadas pelo diretor e interpretadas com uma poderosa sinceridade de Malheiros.
- Não é correto dizer que ele fica vulnerável em certos momentos.
- Porque.
- De fato.
- A maneira como ele se comporta com Maicon (Tales Ordakji) ou seus parentes (exceto seu pai.
- Na origem de toda essa gravidade) é apenas um reflexo do seu verdadeiro eu.
- Longe dos escudos que tinham que ser colocados para sobreviver.
Feito por alunos do Instituto Quer da Baixada Santista, o S-Crates é um exemplo de dedicação e perseverança audiovisual no Brasil e pode abrir uma gama de possíveis obras de jovens que têm um olhar particular, especialmente se tiverem a oportunidade de abordar temas com os quais já estão familiarizados, essa identificação certamente ajudou no processo de composição da história , com bom uso da fotografia e do som, há algumas irregularidades na iluminação e mudanças de cenários, mas nada que afete muito o resultado final – as performances de Malheiros e Ordakji são os combustíveis para que tudo aconteça naturalmente.
Se o filme começa com a morte dos mais queridos de Sócrates, termina com o possível renascimento do jovem, que vive e coleciona lições sem amolecer, para o bem ou para o mal, vê que o melhor negócio que ele pode ter é o dele. O espectador segue um momento importante (se não essencial) na vida do protagonista, no qual ele encontra seu lado mais profundo e enfrenta monstros internos e externos para simplesmente viver outro dia. A cena final comovente mostra que, mesmo nas despedidas mais tristes, há uma oportunidade de renovação para Sócrates, sem tirá-la de sua verdadeira essência.
Filme visto no 26º Festival Brasileiro de Cultura da Diversidade, novembro de 2018.
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