É interessante notar que, para retratar as profissões acadêmicas dos alunos, após ameaças de cortes orçamentários e fechamentos de escolas em 2015, o diretor Diego da Costa escolheu como protagonistas os dois alunos menos politizados de sua instituição fictícia. Ciro (Kelson Succi), aspirante a poeta e versão masculina das heroínas da comédia romântica (tropeça e cai e em todos os momentos paralisa na frente do amado e diz bobagem), e Sofia (Fran Santos), a nerd da sala, bem recebida pelos amigos, mas muito mais preocupada com o ENEM do que com pedidos de infraestrutura alimentar escolar e salários justos para os professores. O casal leva algum tempo para entender por que participa desse movimento, mas acaba se juntando aos outros pelo sentimento de pertencer a algo grande, coletivo, entre amigos. Para os protagonistas, o despertar político ocorre quase por acaso.
Essa abordagem se justifica pela tentativa de dialogar não com o público já convertido à causa, mas com aqueles que poderiam se solidarizar com os movimentos estudantis, adotando um olhar externo, por aqueles que não entendem ou não se importam: o espectador para entrar no espaço de uma ocupação e descobrem que, apesar dos estereótipos de vandalismo, os alunos cuidam do espaço e organizam formas alternativas de aprendizagem, pois o tom adotado é franco, idealista e um tanto romântico: o filme evita questões partidárias, decisões governamentais, os nomes específicos dos gerentes que motivaram as negociações. Este universo pretende funcionar como um exemplo atemporal de mobilização, não como uma resposta a um evento específico. Os episódios de 2015 se tornam o ponto de partida, não a meta do projeto.
- A história faz um trabalho especial de tempo e espaço: poucos dias após o fechamento da escola.
- Os alunos reclamam de uma pressão quase insuportável para sair.
- Pouco depois de negligenciar a ocupação.
- Cyrus quer dormir dentro da escola.
- Para ajudar ainda mais seus colegas de classe.
- Pouco depois de vender a mudança.
- Sofia tem a coragem de cuspir na cara de um policial que ameaça entrar na escola.
- A gradação é trabalhada abruptamente.
- Sem que o espectador entenda a lenta conversão dos personagens para a causa.
- Os espaços parecem um pouco vazios para uma mobilização geral (de onde vieram os outros alunos.
- Da cena inicial.
- Durante a maior parte da história?) E o ambiente externo (ruas.
- A pressão diária da aplicação da lei) está no fundo.
- Mesmo em um terreno onde a separação entre interior e exterior.
- Entre o público e o privado é fundamental.
O espaço que o diretor filma mais de perto é o da fantasia, neste caso os sonhos de Ciro e Sofia, em que se tornam bravos manifestantes, mascarados no rosto, atuando em um pátio reservado para eles, em um sofá de espera. Presença. Quanto aos espaços, as duas melhores cenas de Selvagem são as que exploram o local com mais dinamismo: a primeira é a invasão policial, muito bem montada e fotografada; e a segunda, a apresentação slam dos alunos durante uma noite, em longos planos sequenciais. As palavras são lindas, fortes e filmadas de acordo com a poesia daquele momento. Para momentos como esse, você pode ver o talento do diretor, que também mostra bom trabalho de liderança com o elenco?Os atores coadjuvantes são realmente excelentes, especialmente Paulo Pinheiro, Erica Ribeiro e Jady Maria Bandeira, que roubam o espetáculo toda vez que aparecem. Rincon Sapiéncia e Lucélia Santos fazem aparições carinhosas, em composições paternas e maternas.
Além disso, para um filme sobre a adolescência do século 21, é surpreendente que alguém ainda precise aprender a usar a câmera de um celular, ou que beijos, drogas, sexo não sejam mencionados. discussão da política em seu aspecto pragmático? Você nunca sabe ao certo qual autoridade os alunos argumentam, ou como um advogado anônimo obtém a tão esperada ordem judicial. A mensagem é ainda mais clara. Ironicamente, é um filme doce sobre um momento de raiva, uma obra moral sobre uma discussão essencialmente política.
A conclusão, que não é muito otimista, pelo menos impede que o olhar se torne muito ingênuo, mesmo que não indique os caminhos da luta subsequente?Os alunos vão parar de discutir? Em vez de procurar a fonte do problema ou apontar suas consequências, o projeto prefere tocar o tema ao seu espectador, humanizar os participantes de ambos os lados (as cenas são lindas em que o diretor abaixa a voz, ou quando o pai reacionário está realmente preocupado com a saúde de sua filha) e deixar a reflexão funcionar do outro lado da tela. Este filme adolescente tem como objetivo envolver jovens e pais, quebrando polaridades e extremismo para a chave do afeto.
Filme visto no 14º Festival Latino-Americano de Cinema em São Paulo, julho de 2019.