Com a popularidade do streaming, cada vez mais investindo no cinema como um evento, a ideia é atrair o espectador não só pela clássica proposta de projeção coletiva em um ambiente isolado de tudo ao seu redor, mas também para criar meios que provoquem uma maior imersão com o que é mostrado na tela grande. Assim, o 3D se popularizou e havia lounges, 4DX, IMAX e muitos outros que ampliam os sentidos de quem está sentado na cadeira – todos com um ingresso mais caro, deve estar do lado do estúdio, o esforço tem sido produzir filmes que também valorizem essas características, muito impulsionados pelo avanço dos efeitos especiais que hoje permitem criar quase tudo o que existe na imaginação de seu diretor.
Tal preâmbulo só serve para enfatizar que The Aeronauts é um filme típico contemporâneo, que busca se encaixar exatamente nessa proposta anterior, na verdade, a ideia é aproveitar o (real) passeio de balão de ar quente dirigido por James Glaisher e Amelia Wren. Oferecer ao espectador a experiência de estar a bordo, com direito a contemplação e choques intrínsecos. Está funcionando.
- Com isso.
- A ideia de aventura que a dupla enfrenta não está mais apenas no contexto do desafio.
- Mas também de mergulhar o espectador em uma verdadeira montanha-russa.
- Com direito a sequências de ação impressionantes.
- É preciso lembrar que o vôo em The Question ocorreu em 1862.
- Longe da segurança atual.
- O que amplifica ainda mais a sensação de risco iminente.
Diante de tal proposta, o que a cerca se assemelha a uma situação simples que permite tais sequências imersivas, porém, há alguns pontos a destacar. Uma delas é a posição feminista adotada pelo longa-metragem, no qual a personagem de Felicity Jones não só se recusa a ser uma esposa simples, mas também tem um envolvimento ativo (e decisivo) nas circunstâncias em mudança a bordo do globo. Paralelo interessante sobre a necessidade de uma parceria entre ciência e entretenimento, como meio de financiamento e conquista dos corações do público, que dá boas sequências nos primeiros momentos do voo. Além de uma Felicity carismática e inspirada, ele usa o filme de costas na frente de um Eddie Redmayne um tanto apático, sem seu conhecido brilho nos olhos em algo fascinante; qualquer um que tenha visto A Teoria de Todos ou Qualquer Um dos Animais Fantásticos, conhece bem essa característica.
Visualmente bonito, o Aeronauta investe decisivamente na fotografia paisagística para não apenas destacar momentos de paz e silêncio, mas também para deslumbrar o espectador com excelência técnica e um traje de época atraente. Há também o curioso contraste de que um filme que busca ser o mais contemporâneo possível em termos de cinema está bêbado da fonte de algo quase anacrônico hoje, o balão de ar quente. Um bom filme, que merece ser visto no cinema para responder plenamente à sua proposta narrativa.
Filme visto no Festival de Cinema de Toronto em setembro de 2019.