Mirante é um filme difícil de digerir, ainda mais para descrever, e o interessante é que o diretor Rodrigo John faz parte de uma premissa muito simples: seguir relações humanas, sociais e políticas do alto de seu departamento no centro de Porto Alegre. Uma espécie de documentário A janela de trás com corte naturalista brasileiro O resultado é um trabalho experimental impressionante, que evoca sentimentos e contradições diante dos três segmentos que se cruzam: as relações humanas em torno do edifício básico, os altos políticos e os transtornos no Brasil e João, que é colocado na tela para bordar eventos.
Inicialmente, o documentário parece ser baseado em uma abordagem puramente sensorial, as imagens não se unem para contar uma história da maneira tradicional esperada, mas a história é poderosa e intrigante mesmo sem mostrar exatamente de onde vem. mais tarde, já acostumados com o universo criado por John, os códigos na tela tornam-se decifráveis. Consciente ou não, o diretor gradualmente propõe sinais que começam a formar um sistema mais amplo e sofisticado, embora a ideia de significado aqui varie muito entre concreto e abstrato.
- É bem possível que ao olhar para imagens projetadas por João.
- Como as de trabalhadores que limpam as fachadas de prédios vizinhos.
- Uma parte do público verá beleza no simples fato de estar diante de um público aqui pouco explorado.
- Enquanto outro grupo pode atribuir um significado mais profundo com base em suas próprias experiências e preconceitos.
- Há também a possibilidade de ver apenas paredes.
- Janelas e ruas.
- Sem que esses elementos despertem uma leitura mais elaborada.
- John está ciente da condição privilegiada de estar fisicamente lá em cima?E também escondido.
- Porque ele não se revela ao seu observado como revelado ao observador?O que ouvimos dessa comunicação.
- No entanto.
- é inteiramente subjetivo.
- O que vemos certamente não é o que outra pessoa vê.
- O diretor.
- O diretor e o espectador deixam lugares diferentes para ler as imagens.
À medida que a função progride, as repetições começam a formar padrões e, a partir desses modelos, a linearidade se torna mais aparente. João começa a refletir fatos políticos recentes, como os protestos pró-destituição de 2013, através de deficiências arquitetônicas que revelam peças de rua, as costas – e a frente de um barco, varandas e janelas de apartamento, e até mesmo um pedreiro, que muda não apenas pelo tamanho dos pisos, mas também pelas palavras políticas gravadas na parede lateral. Observe a sutileza do diretor na relação entre a presença e a ausência de um Fora Temer, recurso simples que reflete o momento político em questão. Mesmo sem qualquer menção direta, é possível identificar que, inicialmente, Dilma Rousseff corria o risco de perder a presidência; no momento seguinte, Temer já era o novo líder. Cenas como esta demonstram a força do roteiro e, sobretudo, a edição do documentário.
Por causa da sutileza bem executada de João, a cena que mostra explicitamente o discurso polêmico de Jair Bolsonaro em uma sessão do Conselho de Ética da Câmara está em desacordo com o palco, já que o cineasta abre o absurdo, quando sua abordagem, até então, era mais sugestiva. – orientado. Mesmo que fosse no sentido de propor uma ruptura com sua abordagem artística anterior?Afinal, é isso que Bolsonaro representa, um rompimento agressivo em todos os aspectos?a intenção não é tão clara. Outro revés na produção também se deve à dificuldade de completá-la, seja pela natureza diferente da história ou pelo que se imagina ser uma enorme coleção de imagens, João, nos últimos minutos, se alonga e se repete?O efeito de voz entrelaçado representa um problema semelhante e é o uso excessivo.
Ainda assim, Mirante é uma referência por sua audácia de se apresentar como um documento íntimo e experimental de seu tempo convulsivo, uma época em que as novas artes e o pensamento crítico nunca foram tão abandonados.
Filme visto no 26º Vitia Film Festival em setembro de 2019.