No início é fácil sentir simpatia por Berenice Busca; O diretor Allan Fiterman explora os espaços da cidade do Rio de Janeiro e um departamento burguês, enquanto Clonia Abreu revela sagacidade no papel de uma mãe que deixou a vida de uma dona de casa para se tornar taxista também é louvável representação LGBT, com personagens importantes atribuídos a Brigitte de Bezios e Valentina Sampaio, bem como um enredo secundário relevante para a descoberta da sexualidade.
Mesmo com um elenco formado por grandes nomes da televisão (Eduardo Moscovis, Vera Holtz, Emílio Dantas), o projeto adquire um tom muito mais amargo do que a teledramaturgia costuma mostrar?Assista às cenas brutais de estupro conjugal, masturbação feminina, agressão e nudez frontal de um travesti. Nesses casos, o diretor conta com sequências sem cortes, para imprimir um tom ainda maior de realidade. As ambições cinematográficas e sociais do filme são profundas, consistentes com a importância do assunto.
- Por essas razões.
- é uma pena que o projeto seja enfraquecido pela escolha de direção e roteiro.
- No aspecto estético.
- Fiterman abusa de imagens distorcidas.
- Borradas.
- Refletidas.
- Sobrepostas com numerosos flashes e outros ornamentos.
- Uma cor e estilo próprios.
- Mas tantas adições à composição dificultam a apreciação da trama e da atuação.
- A cena de sexo dentro de um carro.
- Por exemplo.
- Causa tanta fragmentação da montagem e acúmulo de artifício que perde todas as formas de erotismo.
O roteiro investe em uma rápida transformação do drama para o suspense policial. Berenice se torna uma pesquisadora da noite para o dia, encontrando evidências e descobrindo pistas com facilidade improvável. Travesti em Copacabana também faz artificial o mecanismo, sem esquecer uma série de opções questionáveis, como a vilã do gibi de Vera Holtz, o romance abrupto e não desenvolvido de Berenice, a figura de um irmão que parece não sofrer com a morte de sua amada irmã. e um Jayme subutilizado (F-bio Herford).
Como representação da comunidade LGBT, Berenice Busca revela um notável passo em frente de algumas fictações nacionais bem-intencionadas, mas errôneas, como O Casamento de Gorete, Como Esquecer e Glória e Graça. A orientação sexual e retratos de identidade de gênero desenhados por Fiterman. são sensíveis e naturalistas, com direito a um subtrama tipicamente rhoriguiano destinado a desconstruir a imagem da “família tradicional brasileira”, ou seja, patriarcal e opressiva. Infelizmente, a trama rochosa e improvável compromete o humanismo do filme.
Filme visto na 41ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, outubro de 2017.