AdoroCinema para a morte do maestro: o terremoto está desaparecido

No cinema, a noção de conflito implica uma divergência de vontades: um personagem quer algo, o outro quer o contrário, a ideia de ação ou atividade é mais simples: basta que o personagem cause uma mudança no ambiente ao seu redor. alguém pega um carro e vai trabalhar, é uma ação. O drama Morte do Mestre se apropria de uma grande tragédia?um terremoto que abalou o Equador em 2016?para entregar um filme sem conflito ou ação significativa. Em vez de mostrar os tremores e suas consequências, o diretor José Maria Avilés se concentra em um dos poucos lugares onde o terremoto não teve impacto.

A câmera fica ao lado do Mestre (Marcos Andrango), um agricultor que caminha na floresta, observa vacas, entra e sai de casa, senta e reclina em uma cadeira, diálogos são raros e interações não existem. As cenas são muito longas, como a silhueta de dois homens preparando uma tumba, ou as folhas deitadas ao vento. A ficção utiliza os recursos dos documentários mais radicais para transmitir uma impressão de verdade relacionada ao banal, a não interferência nem do diretor nem do Mestre tem um impacto significativo nesse ambiente. A câmera é limitada à observação enquanto o personagem se limita a se mover pelo espaço.

  • A escolha pode ser interessante quando se trata de um projeto sobre solidão.
  • Permanência das coisas.
  • A imutabilidade da vida rural.
  • Versus a morte prometida no título?Sim.
  • é uma grande ação e um conflito que esperamos ver.
  • Eles aparecerão mais cedo ou mais tarde.
  • Para não terem morrido como resultado do terremoto.
  • Não ter morrido até agora.
  • O velho protagonista parece condenado a repetir os mesmos gestos.
  • Como em um ritual.
  • Imaginando quando a morte virá.
  • Você.
  • Afinal.
  • E Mestre também não mostra o menor prazer em permanecer vivo.
  • é uma presença ausente.
  • Como um fantasma.

A impressão de que a duração dos planos foi estendida para modestos 60 minutos, necessária para classificar o projeto como um longa-metragem capaz de competir em festivais, é curiosa. Morte do Maestro é apresentado como um projeto conceitual, uma espécie de provocação dos sentidos que visam transmitir ao público a impressão de inércia sentida pelo personagem. O filme também pode ser um desafio, uma malícia de roteiro, como se os criadores estivessem dizendo, como poderia representar um terremoto onde ele não existia?

As obras audiovisuais não conflituosas geralmente justificam o gosto pela imagem: embora não questionem nada de especial sobre os objetos, pessoas ou lugares filmados, esses projetos teriam uma construção plástica digna de interesse. O drama equatoriano realiza em parte essa ambição estética. Embora as imagens não tenham um viés particularmente criativo, pelo menos funcionam bem com a luz natural, a presença deste homem no espaço, além da sensação de vazio que permeia todo o projeto. O elemento mais dinâmico é o som das folhas, vacas e vento.

“Tudo continuou igual aqui”, diz a professora sobre a tragédia nacional. Na verdade, nada mudou e o espectador pode compreender a sensação de ter sido esquecido pela sociedade, pelos amigos, pelo país e até pelo terremoto que ignorou sua existência. Assim, sem alarde, sem agitação, o personagem vai acabar com sua vida, e o projeto terá representado o tédio do Maestro pelo tédio das imagens, da forma mais literal possível.

Filme visto na 42ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, em outubro de 2018.

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