Durante a apresentação ao público deste projeto, a diretora Helena Ignez disse que se tratava de um “filme utópico”, que busca “descolonizar o pensamento”. “Utópico” significa a criação de uma sociedade anticapitalista, na qual não existe por meio da “descolonização”, imagina uma estrutura fora do cinema comercial, adotando questões políticas, sociais e estéticas tipicamente brasileiras. A Garota do Calendário busca salvar o espírito anárquico do cinema marginal, do tropicalismo e de outras vanguardas dos anos 60 e 70.
A protagonista não é filha do título, mas o mecânico In-cio (André Guerreiro Lopes), que renunciou à família rica e agora vive de pequenas contas, sofrendo a exploração do chefe tirânico, representação grotesca do empresário ganancioso. Para refletir sobre a realidade, a trama prefere o absurdo à realidade. Esboços caóticos certamente entram em jogo, com direito a diálogos divertidos sobre o comunismo, a reforma do trabalho desejado por Michel Temer e o possível retorno de Lula ao cenário político em 2018 O palco está empenhado em tocar assuntos atuais sem termos: afirma suas posições e vontades com vigor juvenil.
- Os melhores momentos ocorrem nos delírios do Incio.
- Seja durante encontros ficcionais com a garota do calendário (Djin Sganzerla).
- Ou com colegas da oficina de mecânica.
- O diretor foca em números musicais.
- Performances e outros eventos artísticos libertários e libertinos.
- Conectar-se com o enredo central.
- Como se fossem parênteses na vida chata do protagonista.
- Em termos cinematográficos.
- A Garota do Calendário não tem medo de lixo.
- Tolos.
- Pelo contrário.
- Aborda todas as formas de representação não convencional.
- Colocando-as efetivamente.
- No centro da cidade de São Paulo.
O debate político, no entanto, é menos frutífero do que a parte estética, Helena Ignsz coloca frases didáticas na boca de seus personagens, explicando a importância do Dia da Consciência Negra, do orgasmo feminino e da reforma agrária. O resultado é divertido por sua artificialidade, mas como um comentário do país, torna-se retórica ?, seu valor está em sua própria existência e não na reflexão proposta. O filme reafirma valores aos quais já havia aderido desde a primeira cena, reiterando princípios de forma educativa.
Apesar dos avisos, é louvável que a cinematografia brasileira abrace projetos tão férteis como este. Um personagem defende, em algum momento da trama, a “destruição criativa”, que representa muito bem o espírito do projeto como um todo. avança com a fúria de um manifesto, gritando sua fé em um mundo melhor.
Filme visto na 41ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, outubro de 2017.